domingo, 30 de janeiro de 2011

Subisídio da Lição 06 da Escola Dominical (Atos)

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA IGREJA
Texto Áureo: Hb. 12.11 – Leitura Bíblica em Classe: At. 5.1-11
Autor: Pb. José Roberto A. Barbosa
Fonte:www.subsidioebd.blogspot.com
Twitter: @EBD_ADMossoro
Objetivo: Mostrar aos alunos que a essência da disciplina é o ensino e o seu objetivo é levar-nos a andar de acordo com a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.

INTRODUÇÃO
Há quem defenda que a disciplina não é mais necessária na igreja dos dias atuais. O Deus que disciplina em amor, conforme revelado na Bíblia, não é mais considerado. Em contraponto a essa abordagem, estudaremos, na lição de hoje, a respeito da importância da disciplina na igreja: definição no Antigo e Novo Testamento, o caso Ananias e Safira e as condições para a disciplina na igreja.

1. A DEFINIÇÃO BÍBLICA DE DISCIPLINA
No Antigo Testamento, a palavra hebraica para disciplina é musar e significa, prioritariamente, “instrução”. Isso porque na Lei Judaica a disciplina tem a ver com a instrução por meio de recompensas e punições a fim de orientar a conduta do comportamento. É nesse sentido que, em Dt. 11.2, é destacada a disciplina do Senhor. A Lei Mosaica opera por meio de um complexo sistema de punições a fim de reforçar os Mandamentos de Deus (Lv. 25.23; Dt. 4.36; Ex. 20.20). Por esse motivo, o ímpio, ou seja, aquele que não observa a Torah, odeia a disciplina (Sl. 50.17). O genuíno filho de Deus, por sua vez, ama a disciplina (Pv. 3.11), pois nesta repousa a sua vida (Pv. 5.12) e o seu próprio bem (Pv. 19.18). No Novo Testamento, a palavra grega é paidia que tanto se refere à instrução ou orientação quanto ao treinamento. Esse termo, em sentido amplo, diz respeito ao ato de “criar, educar, instruir”. O fundamento da disciplina, conforme exposta no Novo Testamento, é o amor (Hb. 12.6-11). A disciplina aplicada com ódio não passa de vingança, nada tem a ver com a disciplina de Jesus (Mt. 11.29).

2. A CONDENAÇÃO DE ANANIAS E SAFIRA
No capítulo 5 de Atos, estudamos a respeito da condenação de Deus sobre Ananias e Safira. Barnabé, um cristão recém-convertido, e de posses, vendeu tudo o que possuía e depositou aos pés dos apóstolos. Sua generosidade chamou a atenção da igreja, levando Ananias e Safira a querem imitar tal ato, a fim de serem honrados pelos irmãos. Para tanto, venderam uma propriedade e combinaram em reter parte do valor recebido. Em seguida, depositaram-no aos pés dos apóstolos, dizendo ser aquela a quantia total da venda. Através daquele ato, Satanás quis instaurar a hipocrisia no seio da igreja primitiva. Eles demonstraram, por meio dessa atitude, ser vangloriosos e cobiçosos em relação ao dinheiro (I Tm. 6.10). Eles poderiam permanecer com o dinheiro que receberam pela venda da herdade, mas não precisariam mentir, em busca de fama. Mas Pedro, pelo Espírito Santo, discerniu que aqueles corações estavam tomados pela hipocrisia: “por que encheu Satanás o teu coração?” (At. 5.3), eis a origem do pecado (Jo. 13.2; Tg. 4.7). Não se tratava de um pecado somente aos homens, pois, conforme argumentou Pedro, “Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At. 5.4). Eles foram disciplinados imediatamente, com o objetivo específico, para servir de instrução aos demais “houve um grande temor em toda a igreja e em todos os que ouviram estas coisas” (At. 5.11). Em virtude da igreja está em seus momentos iniciais, Deus antecipou o castigo de Ananias e Safira, e ainda pode fazer o mesmo nos dias atuais, ainda que, em geral, continue dando oportunidade para o arrependimento (Ap. 2.5; 3.19).

3. A DISCIPLINA NA IGREJA
Jesus declarou que a igreja, na terra, tem a responsabilidade árdua, mas necessária de disciplinar (Mt. 18.18-20), mas essa deve fazê-lo de acordo com a Palavra, em oração, na dependência do Espírito Santo, e sobretudo, em amor (I Pe. 4.8). Existem algumas falhas que podem dispensar a disciplina, a esse respeito tratam os seguintes textos: Rm. 15.1; Fp. 4.5; I Pe. 4.8). Nos casos de transgressões que não sejam passíveis de comprovação, o melhor é orar pela pessoa, confiando que Deus trabalhará na sua vida, conduzindo-a ao arrependimento (Mt. 18.16). Nos casos de ofensas pessoais, isto é, que envolvam membros da igreja, é recomendável que a pessoa ofendida busque a pessoa culpada em busca de reconciliação (Mt. 18.15). Caso a pessoa permaneça impenitente em relação ao pecado, deva-se levar à igreja, através da liderança, a fim de que o caso seja avaliado (Mt. 18.17). A pessoa que está sendo objeto da acusação deva ter amplo direito à defesa e somente ser disciplinada após a comprovação dos fatos, o que acarretará, se for o caso, em exclusão (Mt. 18.17). Nos casos de pecados públicos, a disciplina é necessária a fim de: 1) proteger a integridade da igreja (At. 20.28-31; Hb. 12.14-16); e 2) restaurar o transgressor à igreja, conduzindo-o ao arrependimento (Gl. 6.1; Tg. 5.19,20). Não saudável viver a procura de casos de pecados na igreja, mas, por outro lado, não se pode deixar de atentar para os casos dignos de disciplina (Mt. 13.28-30). A disciplina preventiva, por meio do ensino da Palavra, é a melhor maneira de evitar medidas mais amargas posteriormente (II Tm. 2.24-26; Tt. 1.9).

CONCLUSÃO
A disciplina é necessária na igreja, mas essa deva sempre ser conduzida em amor, dando aos ofensores, a ampla oportunidade de defesa, e quando identificada a culpa, este deva, se possível, ser conduzido ao arrependimento (I Co. 1.10,11; Fp. 4.2,3). Ananias e Safira receberam a punição pelos seus pecados porque se negaram a reconhecê-lo, mentiram ao Espírito Santo, e esse, verdadeiramente, é o pecado imperdoável (Mt. 12.32), a hipocrisia do pecador que não dá lugar ao arrependimento, ao convencimento do Espírito (Jo 16.8-10). No caso da igreja, a disciplina deva ser dada, ao pecador arrependido, com amor e humildade, almejando sempre sua restauração (Gl. 6.1-2).

BIBLIOGRAFIA
ELLIFF, J., WINGERD, D. Disciplina na igreja. São José dos Campos: Fiel, 2006.
PEARLMAN, M. Atos: e a igreja se fez missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Subisídio da Lição 05 da Escola Dominical (Atos)

SINAIS E MARAVILHAS NA IGREJA
Texto Áureo: Hb. 2.4 – Leitura Bíblica em Classe: At. 3.1-11

Autor: Pb. José Roberto A. Barbosa
Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/


Objetivo: Mostrar aos alunos que sinais e maravilhas são fenômenos atuais, que, como nos tempos da igreja primitiva, seguem à atividade evangelizadora, à proclamação do evangelho de Cristo.

INTRODUÇÃO
O livro de Atos está repleto de sinais e maravilhas realizados pelo Espírito Santo através da igreja. Na lição de hoje, estudaremos os significados dos termos sinais e maravilhas. Em seguida, analisaremos o milagre da Porta Formosa, registrado por Lucas em At. 3. Ao final, veremos que o mesmo Deus que realizou milagres nos tempos da Igreja Primitiva, ainda os faz nos dias de hoje.

1. SINAIS E MARAVILHAS
No Novo Testamento, a palavra sinal é semeion, e diz respeito a algo que marca ou distingue, a utilização desse termo é geralmente associada a milagres. Os sinais são vistos como uma verificação ou indicador de uma verdade. Os escribas e fariseus buscavam um sinal da parte de Jesus para que pudessem acreditar que Ele era de fato o Messias (Mt. 12.38; Mc. 16.3). João mostra que os milagres de Jesus eram sinais, demonstrando que Ele era o Messias (Jo. 2.11,18,23; 3.2; 4.48,54, 6.2,14,26,30; 7.31; 9.16; 10.41; 11.47; 12.18,37; 20.30). Em relação à igreja, os sinais demonstram que Deus está com ela, pois sinais são prometidos àqueles que crêem (Mc. 16.17,20). No livro de Atos, Lucas registra os vários sinais realizados pela igreja (At. 2.19,22,43; 4.16,22,30; 5.12; 6.8; 8.6,13; 14.3; 15.12). A palavra maravilhas, em grego, é teras, que pode significar também milagre. A utilização do termo maravilhas costuma está atrelada ao de sinais, formando um tipo de expressão idiomática “sinais e maravilhas” (Mt. 24.24; Mc. 13.22; Jo. 4.48; At. 2.19,22,43; Rm. 15.19; II Co. 12.12). Interessa destacar que o poder para realizar sinais e maravilha é sobrenatural, e pode proceder tanto de Deus quanto do Maligno (Mt. 24.24; Mc. 13.22; II Ts. 2.9). Os sinais e maravilhas na igreja servem para confirmar a autenticidade dAquele que opera por meio dela (At. 2.22).

2. O MILAGRE DA PORTA FORMOSA
Por volta das 3 da tarde, Pedro e João seguem para o templo, em um dos horários regulares de oração (Ex. 29.38-41; Nm. 28.2-8). O templo antigo tinha várias portas, uma dela se chamava Formosa. Nessa porta se encontra um homem aleijado, isso porque não era permitido que entrasse no templo. De repente, os apóstolos são interpelados por aquele pobre homem, pedindo-lhes que dessem algum dinheiro. Pedro olha fixamente para o mendigo e diz: “olha para nós” (At. 3.4). Com essa expressão, ele chama a atenção daquele homem e lhe dá alguma esperança. As palavras iniciais são desalentadoras: “não temos prata nem ouro”, isso demonstra a condição financeira dos apóstolos do Senhor no primeiro século. Por outro lado, eles têm muito mais, por isso, declaram: “em nome de Jesus Cristo”, e, ao levantar o homem pela mão e suas pernas são curadas (At. 3.6). O mendigo curado pôde, então, adentrar ao templo e a reação dos que o conheciam é de “pasmo e assombro” (At. 3.10). A igreja primitiva, na virtude do Espírito, tinha autoridade para testemunhar de Jesus Cristo. O testemunho era acompanhado de sinais e maravilhas, que, juntamente com a mensagem, atestavam à verdade do evangelho. Algumas igrejas dos dias modernos não podem mais, como Pedro e João declarar: “não temos prata e nem ouro”, por outro lado, também não podem dizer ao paralítico “levanta e anda”.

3. DEUS REALIZA SINAIS E MARAVILHAS
Alguns teólogos cessacionistas afirmam que Deus não mais realiza sinais e maravilhas nos dias de hoje. Outros não são cessacionistas, até se dizem pentecostais, mas deixaram de acreditar, na prática, que Deus ainda os faz atualmente. Os cessacionistas radicais dizem que os sinais e maravilhas (milagres) Ficaram restritos ao período apostólico. Mas essa declaração se contradiz com a Grande Comissão, na qual Jesus ordena que seus discípulos preguem o evangelho, com poder para realizar sinais e prodígios (Mt. 28.18-20; Lc. 24.47; At. 1.8). Nos tempos de Cristo, Ele concedeu autoridade, não apenas aos apóstolos, mas aos 72 discípulos para curarem os enfermos em sua missão de pregar as boas novas (Lc. 10.9,17). No livro de Atos, o próprio Ananias, que não era apóstolo, orou por Paulo, exercendo o dom de cura (At. 9.17). Filipe, o diácono, também operou muitos milagres pelo poder do Espírito (At. 7.13). Não podemos esquecer que Jesus é o mesmo (Hb. 13.8), por isso, continua realizando sinais e maravilhas, e esses apontam para o futuro, quando a natureza tiver sido libertada (Rm. 8.20-22) e o corpo glorificado (I Co. 15.51-53). A igreja não tem controle sobre os sinais e maravilhas, esses dependem da soberana vontade de Deus, que os opera de acordo com os Seus eternos desígnios (Jo. 5.1-5; 9.1-3).

CONCLUSÃO
A respeito da atuação sobrenatural dos apóstolos, diz o autor da Epístola aos Hebreus: “Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade” (Hb. 2.4). A igreja do Senhor, ciente da soberana vontade de Deus, deva continuar crendo e orando para que Deus realize sinais e maravilhas (Mt. 10.8). Mas é preciso destacar que os sinais e maravilhas não garantem a conversão dos pecadores, principalmente dos religiosos que atribuirão o sobrenatural de Deus ao poder de Satanás (Mt. 12.24-27; Mc. 3.21). Mais importante ainda é saber que os sinais e maravilhas não podem, sob qualquer hipótese, substituir o testemunho da morte vicária de Jesus Cristo, essa deva ter proeminência sobre os sinais e maravilhas (Mc. 16.14-18).

BIBLIOGRAFIA
DEERE, J. Surpreendido pelo poder do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
PEARLMAN, M. Atos: e a igreja se fez missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Subisídio da Lição 04 da Escola Dominical (Atos)

Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Ressaltar a importância da comunhão enquanto marca caracterizadora da unidade dos discípulos de Jesus Cristo.

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, estudaremos a respeito da importância da comunhão na igreja de Jesus Cristo. A principio, definiremos bíblico-teologicamente o significado da palavra comunhão. Em seguida, analisaremos a comunhão dos primeiros cristãos de Jerusalém. Ao final, atentaremos para a necessidade da comunhão na igreja, enquanto marca caracterizadora da unidade.

1. COMUNHÃO, DEFINIÇÃO DO TERMO
A palavra comunhão, no grego do Novo Testamento, é koinonia. Esse termo também pode ser traduzido como participação e partilha. Em geral, se refere aos interesses mútuos entre os membros da comunidade da fé, a igreja. A comunhão cristã é descrita em At. 2.42, neste versículo, a koinonia é apresentada como um dos padrões da igreja, os cristãos permaneciam em comunhão uns com os outros. Essa comunhão, no contexto de Atos, não se refere apenas ao ato de se reunir, mas também ao de partilhar alimento e outras necessidades existenciais. Essa palavra é bastante utilizada por Paulo, 13 das 19 vezes no Novo Testamento. Ele usa o termo koinonia para se referir às coletas para suprir os crentes pobres de Jerusalém (Rm. 15.26; II Co. 8.4; 9.13). Para tanto, há a necessidade que os interesses dos outros tenham proeminência (Fp. 2.1). A palavra koinonia é usada por Paulo também para se referir à participação do cristão nos sofrimentos de Cristo (Fp. 3.10), à comunhão do Espírito (II Co. 13.13), à participação do corpo e sangue de Cristo por ocasião da Ceia do Senhor (I Co. 10.16). O apóstolo João admoeste aos cristãos para que esses tenham comunhão uns com os outros (I Jo. 1.3,7). O fundamento desta, segundo o discípulo amado, se encontra na comunhão que temos tanto com o Pai quanto com o Seu Filho, Jesus Cristo (I Jo 1.3,6).

2. A COMUNHÃO DOS CRISTÃOS DE JERUSALEM
Os primeiros cristãos perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, no partir do pão, e nas orações (At. 2.42). Lucas registra ainda que “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At. 2.44,45). Essa passagem de Atos, especialmente o versículo 42, revela que a igreja primitiva: 1) estava disposta a aprender, pois perseverava na doutrina dos apóstolos, portanto, não se apartava do ensino; 2) exercitava o amor, e esse era concretizado na comunhão dos santos, partilhando voluntariamente os bens com os necessitados; 3) cultuava a Deus, partindo o pão e nas orações, tanto no templo (formalmente) quanto nas casas (informalmente) (v. 46); e 4) propagava a Palavra de Deus, e através desta, pessoas se convertiam ao evangelho de Jesus Cristo (v. 47). A respeito das contribuições aos necessitados na igreja de Jerusalém é preciso fazer alguns esclarecimentos. Primeiramente não se tratava de uma obrigatoriedade, pois ainda que alguns vendessem seus bens e os depositassem aos pés dos apóstolos, outros continuavam com suas casas, já que nelas se reunião. Essa verdade pode ser identificada na atitude hipócrita de Ananias e Safira. A esses disse Pedro: “conservando-o, porventura, não seria teu? E vendido, não estaria em teu poder?” (At. 5.4). Do contexto de Atos, extraímos o princípio da generosidade, especialmente em relação aos pobres e necessitados. A prioridade da igreja deva ser o evangelho salvador de Jesus Cristo, esse, ao contrário do que defendem certos evangélicos, inclui o cuidado com os pobres da igreja (II Co. 9.1).

3. COMUNHÃO, A MARCA DO CRISTÃO
A comunhão é uma marca caracterizadora do cristão, já que somos dependentes, tanto de Deus quanto dos irmãos. Conforme escreveu o poeta inglês John Donne, “nenhum homem é uma ilha”. A atitude de autossuficiência na igreja pode levar as pessoas a viverem distantes umas das outras, a agirem indolentemente no seio da igreja (Hb. 5.12; Rm. 12.1-3). A amargura também pode impedir o desenvolvimento da comunhão na igreja. Cristãos amargurados tratam uns aos outros com hostilidade (Hb. 12.15). Não são poucas as pessoas com orgulho ferido nas igrejas evangélicas. Por causa desse sentimento, elas têm dificuldade para estabelecer vínculos. O elitismo eclesiástico pode também ser um empecilho para a comunhão. As chamadas “panelinhas” nas igrejas, como havia em Corinto (I Co. 3.4), coloca alguns em preferência em detrimento de outros. Conforme afirmou John Wesley certa feita, nada mais anticristão do que um cristão solitário. Nos dias atuais, marcados pelas redes de relacionamentos, as pessoas precisam estar mais juntas. Não apenas nos espaços internéticos, mas também nos encontros presenciais. A frieza do monitor e do teclado do computador não substitui o abraço e o aperto de mão. A cultura ocidental nos legou o individualismo, e, infelizmente, até mesmos em determinadas igrejas, é cada um por si e o diabo contra todos. A igreja do Senhor não é uma empresa, mas uma família na qual somos irmãos, filhos do mesmo Pai, e como tais devemos nos relacionar. É na igreja que encontramos (ou pelo menos deveríamos encontrar) graça e refrigério para as nossas almas (Rm. 1.11,12).

CONCLUSÃO
A comunhão cristã é um exercício de partilha, por meio dela, transmitimos uns aos outros, a graça de Deus manifestada em Jesus Cristo. Neste Centenário, a política eclesiástica tem atrapalhado a comunhão no seio da igreja. É uma pena que não possamos celebrar juntos os cem anos da Assembléia de Deus no Brasil. As vaidades pessoais estão para além da comunhão cristã. Os líderes estão dando um péssimo exemplo, expondo a igreja ao vitupério. Que Deus desperte a Sua igreja e nos ensine, não somente neste ano, mas até a Sua volta, a colocar os interesses dos outros acima dos nossos (Fp. 2.3,4), procurando guardar a unidade do Espírito pelo vinculo da paz (Ef. 4.3).

BIBLIOGRAFIA
PEARLMAN, M. Atos: e a igreja se fez missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
STOTT, J. A mensagem de Atos. São Paulo: ABU, 2008.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O Cuidado Pastoral (Parte do Capítulo 3 do Tcc)

Antonio Jamerson Côrtes
O que é cuidado pastoral? Temos pelo menos duas palavras na bíblia que se referem a esse tipo de cuidado, a primeira, oriunda do hebraico, é רעה (ra ̀ah), significa: apascentar, cuidar de, alimentar, pastorear (referindo-se ao governante, mestre, no sentido figurado), associar-se com, ser amigo de (sentido provável)[1]. A segunda palavra encontra-se no novo testamento, é ποιμαινω (poimaino), significa: apascentar, cuidar do rebanho, tomar conta das ovelhas, reger, governar, prover pasto para alimentação, nutrir, cuidar do corpo de alguém, servir o corpo, suprir o necessário para as necessidades da alma[2].

Fato interessante é que o dicionário Aurélio, em sua quinta definição, nos mostra cuidado como sendo certa “inquietação de espírito”. Segundo Leonardo Boff, a sociedade contemporânea, chamada sociedade do conhecimento e da comunicação, está criando, contraditoriamente, cada vez mais incomunicação e solidão entre as pessoas.

A Internet pode conectar-nos com milhões de pessoas sem precisarmos encontrar alguém. Pode-se comprar, pagar as contas, trabalhar, pedir comida, assistir a um filme sem falar com ninguém. Para viajar, conhecer países, visitar pinacotecas não precisamos sair de casa. Tudo vem à nossa casa via on-line.[3]

Talvez possamos, a princípio, discordar de Boff em relação à comunicação – que sem sombra de dúvidas é proporcionada pela internet de maneira extraordinária – porém, se pararmos para refletir na relação com a realidade concreta, com seus cheiros, cores, frios, calores, pesos, resistências e contradições, notamos que isso cada vez mais é exibido pela imagem virtual que é somente imagem.

A Igreja virtual é um fenômeno que vem crescendo cada vez mais, hoje encontramos pessoas que não precisam sair de casa para assistir a um culto, tendo ainda a possibilidade de participar dele, através da internet. Toda essa gama de informações novas tem seus pontos positivos e negativos. Não podemos, por exemplo, fechar nossos olhos para as conversões que tem ocorrido através desses meios de comunicação em massa.

Nosso objetivo, porém, é ir além disso e trazer esse tema para o âmbito pastoral. Poderia o ministro religioso exercer todas as suas atividades de forma eficaz utilizando-se apenas dessas novas tecnologias? Leonardo Boff tem toda razão quando afirma que o mundo virtual criou um novo habitat para o ser humano, caracterizado pelo encapsulamento sobre si mesmo e pela falta do toque, do tato e do contato humano.

Essa anti-realidade afeta a vida humana naquilo que ela possui de mais fundamental: o cuidado. Boff afirma que o cuidado é, na verdade, o suporte real da criatividade, da liberdade e da inteligência. No cuidado identificamos os princípios, os valores e as atitudes que fazem da vida um bem-viver e das ações um reto agir.

Por que tanta ênfase em uma única palavra? A resposta para tal pergunta está na figura do pastor de ovelhas. O pastor é o responsável por suas ovelhas, não no sentido de controle, mas no sentido de cuidado, é ele que precisa guiá-la, é ele que precisa alimentá-la, é ele que precisa dar amor e afeto a ela. O pastor não pode deixar que nenhum animal feroz ataque sua ovelha, pelo contrário, ele deve fortalecer a cerca, a fim de que nenhum animal selvagem entre em seu pasto.

E onde o cuidado aparece em nossa sociedade? – se pergunta Leonardo Boff, o qual logo responde – “Em algo muito vulgar, quase ridículo, mas extremamente indicativo: no tamagochi”[4].

O que é um tamagochi? É uma invenção japonesa dos inícios de 1997. Um chaveirinho eletrônico criado pela Bandai[5], com três botões abaixo da telinha de cristal, que alberga dentro de si um bichinho de estimação virtual. O bichinho tem fome, come, dorme, cresce, brinca, chora, fica doente e pode morrer. Tudo depende do cuidado que recebe ou não de seu dono ou dona. O tamagochi dá muito trabalho. Como uma criança, a todo momento deve ser cuidado; caso contrário, reclama com seu bip; se não for atendido, corre risco. E quem é tão sem coração a ponto de deixar um bichinho de estimação morrer?

O brinquedo transformou-se numa mania nesta primeira década e mudou a rotina de muitas crianças, jovens e adultos que se empenhavam em cuidar do tamagochi, dar-lhe de comer, deixá-lo descansar e fazê-lo dormir. O cuidado faz até o milagre de ressuscitá-lo, caso tenha morrido por falta de atenção e de cuidado. O chaveirinho fez tanto sucesso, que logo virou jogo virtual e anime[6], denominado “Digimon[7]”. Na mesma época era lançado outro jogo cujo nome era Pokémon[8], que posteriormente virou anime também.

Apesar de ser de outra produtora, Pokémon trazia em si a mesma formula de Digimon: Cuidar do seu bichinho de estimação e depositar todo o seu afeto e carinho nele. Muitas vezes, ao invés de controlar o bichinho, o personagem era manipulado, sendo obrigado a fazer algo por causa do seu bichinho de estimação virtual. Passados cerca de dez anos, até hoje Pokémon ainda ocupa seu espaço no mercado, tendo uma série de jogos e temporadas de anime, sendo febre mundial.

Para Boff, o cuidado pelo bichinho de estimação virtual denuncia a solidão em que vive o homem/a mulher da sociedade da comunicação nascente. Mas anuncia também que, apesar da desumanização de grande parte de nossa cultura, a essência humana não se perdeu. Ela está aí na forma do cuidado transferido para um aparelhinho eletrônico, ao invés de ser investido nas pessoas concretas à nossa volta: na vovó doente, num colega de escola deficiente físico, num menino ou menina de rua, no velhinho que vende o pão matinal, nos pobres e marginalizados de nossas cidades, enfim, nas pessoas que, mesmo caladas, seu interior clama por socorro.

A reflexão de Boff nos leva a refletir sobre nossas prioridades, analisando para o que ou quem transferimos nosso cuidado, se para a obra de Deus, ou para o jogo de RPG[9] que simula a realidade. No primeiro capítulo citamos a concepção veterotestamentária da dimensão mais concreta da vida humana, que engloba o corpo (basar), a alma (nefesh) e o espírito (ruah). Paulo nos aconselha a manter os três irrepreensíveis: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que vosso espírito, vossa alma e vosso corpo sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23).

Se fizermos uma exegese desse texto, notaremos que a palavra utilizada é αμεμπτως (amemptos), significando: irrepreensivelmente, de tal forma que não existe razão para censura[10]. Logo percebemos que para nos mantermos irrepreensíveis, é necessário haver equilíbrio, e isso só conseguimos com uma boa administração de nosso tempo.

Nasce então outra questão: que tanto de tempo tenho doado para o entretenimento, para o mundo virtual? Domínio de tempo pressupõe domínio próprio, uma das virtudes do fruto do Espírito apresentado em Gálatas 5:22. Quando adquirirmos isso, não será difícil transferir uma parcela de nosso cuidado para os oprimidos, aqueles que precisam da sua ajuda, de conselho, que passam fome ou até pensam em se suicidar.

Sem dúvida alguma os dados acima não são um convite a deixar de jogar videogame, utilizar a internet ou assistir televisão, mas sim um alerta: o jovem que anseia tornar-se ministro de confissão religiosa precisa administrar bem seu tempo, de forma que sempre possa fazer algo produtivo para seu ministério. Ele precisa desde cedo se adaptar a essas realidades, para não ser pego de surpresa, ou fazer algo do qual se arrependa futuramente em sua caminhada ministerial.




[1] STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, p. 982.

[2] STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, p. 1607.

[3] BOFF, L. Saber Cuidar: Ética do humano – compaixão pela terra, p. 11.

[4] Ibid., p. 12.

[5] Empresa Japonesa de entretenimento.

[6] Desenho animado Japonês caracterizado por olhos grandes, geralmente oriundo de um mangá, uma espécie de desenho em quadrinhos que se lê da direita para a esquerda.

[7] Do inglês Digital Monsters, siginifianco Monstros Digitais.

[8] Do inglês Pocket Monsters, siginificando Monstros de Bolso.

[9] Do inglês Rolling Playing Game, significando Jogo de interpretação Pessoal. É um jogo com realidade virtual no qual o jogador incorpora a vida do personagem, escolhendo o que ele vai fazer. A maioria dos jogos da série Pokémon é nesse estilo.

[10] STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, p. 1296.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Subisídio da Lição 03 da Escola Dominical

O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO NO PENTECOSTES
Texto Áureo: At. 1.5 – Leitura Bíblica em Classe: At. 2.1-6, 121.4-11

Pb. José Roberto A. Barbosa
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Objetivo: Mostrar aos alunos a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais, conforme vaticinado pelos profetas, prometido por Jesus e ensinado pelos apóstolos nas Escrituras.

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, estudaremos a respeito do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. A princípio, destacaremos as profecias bíblicas que apontam para esse evento. Em seguida, analisaremos a ocorrência desse derramamento em At. 2. Ao final, abordaremos o propósito desse batismo, para aquele tempo, com sua aplicação para a igreja dos dias atuais.

1. PROFECIAS DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
O derramamento do Espírito Santo foi predito várias vezes antes do seu acontecimento. O profeta Joel vaticinou a respeito do derramamento do Espírito sobre toda a carne. Essa ocorrência se concretizará plenamente no futuro, em relação a Israel, por ocasião do reinado do Messias (Jl. 2.28-32), no tocante à igreja, se concretizou no dia de pentecostes (At. 2.16-18). Isaias profetizou o derramamento do Espírito sobre a posteridade de Israel (Is. 44.3). Depois do período do silêncio profético, João Batista, já próximo à manifestação do ministério público de Jesus, disse que batizava com água, para arrependimento, mas que viria um maior do que ele, que batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Mt. 3.11). No contexto dessa passagem, o batismo com o Espírito Santo diz respeito àqueles que crêem em Cristo, e com fogo, para os que O rejeitam como Senhor. Não podemos negar, porém, que o fogo é símbolo bíblico do Espírito Santo, pois, línguas repartidas como de fogo foram vistas por ocasião do derramamento do Espírito no dia de Pentecostes (At. 2.3). Jesus também predisse, mais que isso, prometeu enviar o Espírito Santo sobre os seus discípulos (Jô. 14.16,17). Depois de ressuscitar, disse ele: “permanecei em Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder (Lc. 24.49) e “vós sereis batizados com o Espírito Santo não muito depois destes dias” (At. 1.5). Essa promessa foi ratificada em At. 1.8: “recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. As palavras de Jesus dizem respeito tanto ao recebimento do Espírito quanto ao Seu derramamento, experiências que ocorrem em momentos distintos.

2. O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO NO PENTECOSTES
A festa judaica de Pentecostes acontecia no qüinquagésimo dia depois da Páscoa, também era denominada de Festa das Semanas, porque ocorria sete semanas depois da Páscoa. Na ocasião celebrava-se a colheita dos primeiros grãos de trigo (Ex. 23.16; 34.22; Lv. 23.15-21). Para a igreja, essa festa passou a ter um significado especial, diz respeito ao momento em que essa recebeu o poder do alto, o batismo no Espírito Santo, prometido por Jesus, para a expansão do evangelho (At. 2.1). Cento e vinte discípulos, que se encontravam reunidos no mesmo lugar, ouviram um som como de um vento, na medida em que esse encheu o cenáculo, línguas repartidas como que de fogo pousaram sobre os presentes (At. 2.2,3). E todos foram cheios do Espírito Santo, o verbo pimplemi – cheios em grego – dá idéia de uma capacitação sobrenatural para o serviço divino. Desse modo, o derramamento do Espírito Santo significa o mesmo que ser batizado no ou com o Espírito Santo ou receber o dom do Espírito (At. 1.5; 2.4; 38). Esse mesmo Espírito habilita sobrenaturalmente os discípulos a “falarem em outras línguas” (At. 2.4), isso quer dizer que eles não estudaram as línguas que falaram, ainda que, pelo contexto, inferimos que essas línguas foram reconhecidas como idiomas (At. 2.6). O falar em línguas é uma evidência física do batismo no Espírito Santo. Esse precisa ser diferenciado do dom de variedade de línguas (I Co. 12.10). Quando o crente fala em línguas, no Batismo no Espírito Santo, demonstra que experimentou o derramamento. Quanto fala em línguas, enquanto dom, edifica a si mesmo, ou, se houver quem interprete, a igreja (I Co. 14.4,13,27).

3. O PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
O propósito do Batismo no Espírito Santo está explicitamente registrado em At. 1.8. Ainda que alguns teólogos associem esse derramamento a uma vida de santificação, esse, na verdade, objetiva o testemunho da morte e ressurreição de Cristo por parte de quem o experimenta. O fruto do Espírito Santo, produzido a partir de uma vida de comunhão com Deus, favorece a santificação do cristão (Gl. 5.22), o derramamento do Espírito, no entanto, visa à capacitação do cristão, com o poder do alto, a fim de que esse tenha coragem e audácia, mesmo diante de perseguições e adversidades, para falar, com intrepidez, a respeito do evangelho de Cristo. Toda igreja que pretende ser missionária, e desenvolver o ministério de testemunho de Jesus com eficácia, deve buscar o derramamento do Espírito Santo. Ao lermos o relato das experiências pentecostais do século passado, somos impactados pelas proezas que os servos de Deus foram capazes de realizar no poder do Espírito Santo. Após terem passado pela experiência desse Batismo, não mediram esforços para levar adiante a mensagem da salvação. Os diários de homens como Daniel Berg e Gunnar Vingren, a biografia de cristãos como Orlando Boyer, e de tantos outros crentes batizados no Espírito Santo, revelam o que Deus pode fazer, e ainda tem feito, com homens e mulheres cheios do Espírito. Os crentes da igreja primitiva, outrora atemorizados pelas autoridades religiosas judaicas, após experimentarem o enchimento do Espírito, passaram a anunciar o evangelho com ousadia, impulsionados pelo Espírito Santo.

CONCLUSÃO
Neste Centenário da Assembléia de Deus, precisamos continuar a propagar o evangelho pentecostal. Jesus Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e leva para o céu. Devemos investir o que for possível nos meios de propagação do evangelho, favorecer a formação bíblico-teológica dos obreiros, mas não podemos prescindir da experiência marcante do Batismo no Espírito Santo, tendo o falar em língua como evidência física. Através dessa experiência, a igreja contemporânea poderá, com o mesmo vigor pentecostal da igreja primitiva, anunciar, com autoridade, que Jesus Cristo é o Senhor.

BIBLIOGRAFIA
ARINGTON, F.L., STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
STOTT, J. A mensagem de Atos: até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2008.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Vocação e Espiritualidade no Antigo Testamento [Introdução]

Levando em consideração que meu tcc está em fase final de produção, achei interessante postar aqui um pedacinho do capítulo que falo sobre a vocação no Antigo Testamento. O autor estudado é Ágabo Borges de Sousa, ele faz um paralelo entre cinco personagens marcantes no antigo testamento:

Vocação e Espiritualidade No Antigo Testamento

Antonio Jamerson Côrtes

As narrativas de vocação no Antigo Testamento nos levam a refletir sobre quão profundas são as experiências com Deus concernente àqueles que assumem uma postura fora do comum. Homens que fizeram a diferença em sua geração, pois ouviram a voz de Deus e depositaram toda a sua confiança nela. Portanto, escrever sobre espiritualidade e vocação, no ambiente cristão, implica em retornar a uma leitura das Escrituras, da Bíblia, pois essa é a base de toda a teologia cristã, como fonte de revelação.

Os textos, as narrativas devem ser nosso ponto de partida e, ao mesmo tempo, nosso porto seguro, lembrando, porém, que eles são dinâmicos e, por isso, comunicam ainda hoje com grande força de presença e significado.[1]

Uma vez feito isso, é necessário analisar o significado do termo ‘vocação’, pois, ao o usarmos, evocamos uma gama de sentidos entrelaçados, que transcendem, porém, o aspecto religioso de nosso interesse aqui, pois ‘vocação’ estaria ligado ao ‘ato de chamar’, à tendência ou ao talento de alguém no exercício de uma atividade específica. Temos então que quando falamos em vocação, pensamos – especialmente dentro do contexto do Antigo Testamento – no chamado de Deus, no qual o ser humano é convocado a participar de seus planos e ações, e desafiado a estar a serviço desse chamado.

Chamado este, que não tem sua origem na motivação política, sociológica, ética ou psicológica, mesmo sendo a realidade histórica objeto da vocação. “A vocação está fundamentada no mistério da livre ação de Deus em direção ao ser humano, por isso o testemunho se torna um elemento indispensável para sua compreensão”[2].

Já se tratando de Espiritualidade, o termo hebraico, bem como nas línguas semíticas de modo geral, tem como base de sentido, para o que nós chamamos de espírito, a idéia de: “o ar em movimento”. Mas essa idéia levada ao ser humano, especialmente no que diz respeito ao Espírito de Deus no homem, está ligada à experiência de respirar, é o que dá vida à vida. É o poder dinâmico da vida. Segundo Sousa “A espiritualidade seria, portanto, viver no envolvimento com o mais profundo da vida. Então, a experiência com o divino, enquanto criador da vida, pois une os elementos da essência com os da existência. Dessa maneira, um encontro com Deus tem este caráter eminentemente espiritual”[3].

Para esclarecer melhor esta dinâmica, foi feito um estudo sistemático de cinco passagens do Antigo Testamento, que relatam Deus se revelando a cinco homens, os quais foram chamados por Ele. O que é interessante é que todas essas narrativas têm elementos comuns extremamente importantes para a identificação do texto como “narrativa de vocação”. Esses elementos são os verbos enviar e ir, que regem as narrativas, estabelecendo a missão, dando ao comissionado um caráter especial que, nesse contexto, chamamos de vocação, considerando ser a divindade o sujeito do verbo enviar, sendo, assim, aquele que comissiona. Temos então, a seguinte sistemática:

Livro

Êxodo

Juízes

Isaías

Jeremias

Ezquiel

Personagens

(Moisés)

(Gideão)

(Isaías)

(Jeremias)

(Ezequiel)

Texto Bíblico

3.10-12

6.14b

6.8

1.7

2.3,4

Verbo

“Eu te enviarei”

“Não te envio eu”

“A quem enviarei...?”

“...eu te enviar”

“eu te envio...”

Texto bíblico

3.10

6.14a

6.9

1.7

3.1

Verbo

“... vai...”

“Vai...”

“Vai...”

“...irás”

“e vai...”

Note que em todos os cinco casos Deus utiliza esses dois verbos de forma explicita, o que nos leva a entender que é uma espécie de Comissão, seguida do sinal, ou confirmação de que Deus irá usá-los, temos então uma proximidade formal entre essas cinco narrativas, que formam essa ‘narrativa de vocação’.



[1] SOUSA, Ágabo Borges de. Vocação e Espiritualidade. P 16

[2] SOUSA, Ágabo Borges de. Vocação e Espiritualidade. P 18-19

[3] SOUSA, Ágabo Borges de. Vocação e Espiritualidade. P 19

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Para você, querido leitor, quem é Jesus Cristo?

Em Mateus 16.13, o Senhor Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” E Simão Pedro lhe respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus” (v.16). Tal pergunta me levou, há algum tempo, a consultar vários livros em minha biblioteca, a fim de descobrir o que eminentes escritores — do passado e do presente — têm dito acerca de Jesus Cristo.

A lista abaixo está em ordem alfabética de autores.

AUGUSTO CURY. Em seu best-seller Nunca desista de seus sonhos (Sextante), esse renomado escritor asseverou, ao discorrer sobre um dos milagres de Jesus relatado no Novo Testamento: “Jesus Cristo não havia feito nenhum ato sobrenatural, no entanto sua voz tinha o maior de todos os magnetismos porque vendia sonhos. Vender sonhos é uma expressão poética que fala de algo invendável. Ele distribuía um bem que o dinheiro jamais pôde comprar. O Mestre dos mestres assombra os fundamentos da psicologia”.

BENTO XVI. Joseph Ratzinger, o papa, declarou: “Se hoje tivéssemos de escolher, teria Jesus de Nazaré, o filho de Maria, o filho do Pai, alguma possibilidade? Será que conhecemos mesmo Jesus? Será que O compreendemos? Não deveríamos hoje, tanto quanto ontem esforçarmo-nos para de novo O conhecer?” (Jesus de Nazaré, Planeta).

BILLY GRAHAM. Conselheiro de muitos presidentes dos Estados Unidos e considerado o maior evangelista do século XX, declarou o seguinte sobre Jesus Cristo, em O Segredo da Felicidade (Bompastor): “Sua pessoa era magnética, suas maneiras eram atrativas, sua voz era compelidora. Todo o seu ser mostrava ser ele um homem de poder incomum. Ele era um consumado mestre, um formidável polemista, um curador compassivo — o mais gentil e mais severo dos homens. Eles [os seus discípulos] nunca tinham ouvido alguém parecido com ele”.

C.S. LEWIS. Um dos autores mais citados por escritores cristãos e não-cristãos, esse pensador afirmou: “Cristo foi o ‘primeiro caso’ do homem novo. Mas é claro que ele é muito mais que isso. Não é simplesmente um homem novo, um espécime da espécie, mas o homem novo. É a origem, o centro e a vida de todos os homens novos. Entrou de livre e espontânea vontade no universo criado, trazendo consigo a zoé, a vida nova” (Cristianismo Puro e Simples, WMF Martins Fontes).

CALVINO. Em sua obra As pastorais, esse reformador asseverou: “A descrição mais adequada da pessoa de Cristo está contida nas palavras ‘Deus se manifestou em carne’. Em primeiro lugar, temos aqui uma afirmação distinta de ambas as naturezas, pois o apóstolo declara que Cristo é ao mesmo tempo verdadeiro Deus e verdadeiro homem”.

ERNEST RENAN. Este filósofo e historiador — nome de primeira grandeza na evolução do racionalismo do século XIX, que viveu em Paris, na França — disse: “Desde Sócrates e desde Aristóteles a filosofia e a ciência fizeram progressos enormes. Mas tudo foi construído sobre o alicerce que eles estabeleceram. Da mesma forma, antes de Jesus o pensamento religioso atravessara muitas revoluções; desde Jesus, ele fez grandes conquistas. Contudo, não se saiu nem se sairá da noção essencial que Jesus criou; ele fixou para sempre a maneira como deve ser concebido o culto puro. A religião de Jesus não é limitada” (Vida de Jesus, Martin Claret).

GEOFFREY BLAINEY. Em Uma breve história do mundo (Fundamento), esse historiador e professor da Universidade de Harvard afirmou: “Suas palavras arrastavam multidões. Sua pregação podia ser misteriosa, mas também era sensível e prática; ele contava uma história simples sobre a vida diária, dando a ela um fundo moral e concluía com um apelo a seus ouvintes à beira da estrada para que adotassem seu novo modo de pensar. [...] Jesus demonstrava um profundo sentimento pelos oprimidos: pelos que eram pobres, pelos que eram doentes e pelos que sofriam”.

JACQUES DUQUESNE. Em seu livro Jesus, a verdadeira história (Semente), disse: “Hoje nenhum historiador sério duvida da existência de Jesus”.

JAMES C. HUNTER. Este famoso guru da liderança disse que Jesus foi o maior líder de todos os tempos: “Nenhuma pessoa com honestidade intelectual pode negar que a vida de Jesus exerceu uma grande influência na história. E ainda exerce até hoje” (Como se tornar um líder servidor, Sextante).

LAURIE BETH JONES. Escreveu uma obra com o título Jesus, o maior líder que já existiu (Sextante) pela qual concorda com James C. Hunter.

MARCELO ROSSI. Em seu livro Ágape (Editora Globo), esse padre afirmou: “Jesus é o Bom Pastor. Ele cuida de cada uma de Suas ovelhas. Ele conhece as Suas ovelhas pelo nome, isto é, pela identidade das Suas ovelhas”.

MARY W. BAKER. Escreveu a obra cujo título fala por si mesmo: Jesus, o maior psicólogo que já existiu (Sextante).

MAX LUCADO. Ao falar sobre a glória de Deus, esse autor, líder no segmento de livros inspirativos, nos Estados Unidos, asseverou: “Moisés pediu para vê-la no Sinai. [...] Quando Ezequiel a viu, teve de reverenciá-la. Ela envolveu os anjos e aterrorizou os pastores enquanto pastoreavam em Belém. Jesus a irradiou” (Você não está sozinho, Thomas Nelson Brasil).

N.T. WHITE. Questionado pelo famoso ex-ateu Antony Flew acerca da existência de Jesus, esse conhecido bispo, explicador do cristianismo histórico e pesquisador do Novo Testamento em Oxford, respondeu: “no caso de Jesus, todas as evidências apontam firmemente para a existência dessa grandiosa figura nos vinte até trinta anos do primeiro século. E as evidências encaixam-se tão bem no que sabemos do judaísmo naquele período — embora muitas coisas tenham sido anotadas gerações mais tarde —, que penso que poucos historiadores de hoje duvidariam da existência de Jesus” (Deus existe, Ediouro).

NAPOLEÃO BONAPARTE. “Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos impérios, mas em que baseamos nossas criações geniais? Na força. Jesus Cristo fundou seu império baseado no amor e até hoje milhões de pessoas morreriam por ele” (James C. Hunter, em Como se tornar um líder servidor, Sextante).

OG MANDINO. Este famoso autor de autoajuda definiu Jesus Cristo assim, em sua principal obra O maior vendedor do mundo (Record): “Tudo o que possuía ele distribuiu com o mundo, incluindo a vida”.

STEVEN K. SCOTT. Em Jesus, o homem mais sábio que já existiu (Sextante), Scott disse: “Quase todas as pessoas o consideram um líder religioso, o fundador do cristianismo. Outras o veem simplesmente como o maior professor de princípios morais. Algumas conhecem tão pouco os textos e documentos históricos a seu respeito que acham que ele não passa de um mito ou uma lenda. E quase todas avaliam mal a importância que a vida e os ensinamentos de Jesus podem ter para a sua própria vida”.

TIM LAHAYE. Autor da famosa série Deixados para trás, afirmou: “O amor que Jesus demonstrou pelo seu próximo não acabou com sua elevação e honra das mulheres. Desde o começo, Jesus era um defensor dos menos afortunados” (Jesus, Thomas Nelson Brasil).

TOLSTOI. Este famoso autor russo, em Pensamentos para uma vida feliz (Prestígio Editorial), empregou a seguinte frase, de Herbert Newton, para expressar o que pensava a respeito de Jesus Cristo: “Cristo jamais fundou qualquer igreja, jamais criou qualquer Estado, jamais promulgou uma lei, jamais estabeleceu qualquer governo ou outra autoridade. Ele queria colocar a lei de Deus no coração das pessoas, a fim de torná-las autogovernadas”.

E para você, caro leitor, quem é Jesus Cristo?

Autor: Ciro Sanches Zibordi
Fonte: cirozibordi.blospot.com

Você quer mesmo ser um vencedor em 2011?

O Pr. Ciro Zibordi começou no dia 03 de Janeiro a escrever pequenas frases no Twitter e no Facebook que começam assim “Para vencer no Ano Novo”. Ele deseja, a partir delas, escrever textos inspirativos que ajudem o querido internauta a ser bem-sucedido não somente no começo deste ano, mas em todos os meses de 2011. Veja as frases, acompanhadas de comentários.

Para vencer em 2011, leia a Bíblia e bons livros. O segredo do cristão vencedor está no tempo que ele dedica à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra. Dedique à leitura bíblica com meditação o mesmo tempo que você dedica ao Twitter, ao Facebook, ao Orkut, ao seu blog... Duro é esse discurso, não? Mas leia também bons livros. Eu, por exemplo, ganhei do meu irmão, o pastor Renato Zibordi, a motivadora obra Pão Diário, da RTN. Esse ótimo livro devocional será objeto de minha leitura cotidiana.

Para vencer em 2011, tenha uma vida de oração. Jesus Cristo, o nosso modelo, sempre viveu em oração. Orar é mais que dizer a Deus o que precisamos. Afinal, Ele já conhece todas as nossas necessidades! Quem ora demonstra que possui um bom relacionamento com o Pai celestial. E Ele se alegra quando abrimos o nosso coração para Ele. Mas lembre-se: oração deve envolver adoração e louvor, ações de graça, intercessão e súplica pessoal. Não significa cobrar, decretar, exigir, determinar... Medite em Mateus 6 (todo o capítulo).

Para vencer em 2011, frequente a Escola Dominical. Eu nem sempre posso estar nessa maravilhosa escola, em razão das viagens que faço ao longo do ano, que não são poucas. Contudo, pretendo envidar todos os esforços para aprender mais da Palavra e apreendê-la em meu coração juntamente com a minha família na Escola Bíblica Dominical. Por isso, através deste blog, lancei a campanha: “Para ter um 2011 especial, participe da Escola Dominical”.

Para vencer em 2011, “seja amigo” e “siga” na Internet pessoas que possuem (ou pelo menos aparentam ter) motivações nobres. Seguir e ser amigo, em blogs e redes sociais, como Twitter, Facebook e Orkut, significa apenas acompanhar o que alguém publica. É bom explicar isso, pois há internautas que levam tudo ao pé letra. Amigos virtuais são muitos. Amigos verdadeiros, pouquíssimos. É claro que, em nossa caminhada, precisamos ter amigos de verdade e seguir ao maior de todos os amigos, o Senhor Jesus (Lc 9.23; Jo 15.13).

Para vencer em 2011, “Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também te não faças semelhante a ele” (Pv 26.4). Depois de algumas experiências desagradáveis na grande rede, descobri que não vale a pena debater com pessoas tolas, iracundas, invejosas, mal-intencionadas, soberbas, ainda que se considerem muito sábias. A melhor coisa a fazer é ignorá-las, deixando que escrevam no livro de Deus as suas palavras torpes, caluniosas e maldosas. Como dizem as Escrituras, “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co 5.10).

Em tempo: Feliz Ano Novo!

fonte: http://cirozibordi.blogspot.com/2011/01/como-ser-um-vencedor-em-2011.html

Subisídio da Lição 02 da Escola Dominical

A ASCENSÃO DE CRISTO E A PROMESSA DE SUA VINDA
Texto Áureo: At. 1.11 – Leitura Bíblica em Classe: At. 1.4-11

Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Mostrar aos alunos que a ascensão de Cristo é um fato historicamente confiável e que deve ser percebido em sua dimensão escatológica, isto é, na expectativa da Sua vinda.

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a respeito da historicidade da ressurreição e ascensão de Cristo. Inicialmente, mostraremos as evidências da sua ressurreição, em seguida, refletiremos a respeito da sua promessa de derramamento do Espírito Santo, tema que será estudado aprofundadamente em aula posterior. Ao final, atentaremos para a dimensão escatológica da ascensão e ressurreição de Cristo, a bendita esperança da Sua vinda, para arrebatar a igreja, e posteriormente, para estabelecer o Seu reino milenial.

1. EVIDÊNCIAS DA ASCENSÃO DE CRISTO
Cristo ressuscitou, esse é fundamento da fé Cristã (I Co. 15.14-17). Conforme registra Lucas, Jesus demonstrou que estava vivo, aparecendo aos Seus discípulos em várias ocasiões. Na introdução de Atos, o escritor afirma categoricamente que, muitos empreenderam fazer uma narração coordenada dos fatos que entre eles se realizaram, conforme fora transmitido pelas testemunhas oculares. Ele, do mesmo modo, “depois de acurada investigação e tudo desde sua origem” a fim de dar a Teófilo, destinatário, “uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído” (At. 1.2-4). Em seu relato, Lucas afirma que Jesus subiu ao Céu a partir do Monte das Oliveiras (At. 1.12), e esse evento é aceito historicamente ao longo de todo o Novo Testamento, a igreja primitiva vivenciou a realidade da morte, ressurreição e ascensão de Cristo aos céus, ainda que haja quem tente negá-lo, desde os primórdios (Mt. 28.12-14). Esse episódio, no entanto, mudou radicalmente a existência dos discípulos, pessoas outrora atemorizadas entregaram a vida por essa verdade. Além disso, os escritos apostólicos foram distribuídos ainda no tempo em que muitos ainda viviam, e esses a endossaram, reafirmando a veracidade desse acontecimento (I Co. 15.1-8). Lucas afirma que tudo isso aconteceu “à vista deles” e que os anjos disseram: “Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que entre vós foi assunto aos céus, assim virá do modo como o vistes ir” (At. 1.11). A ascensão de Cristo tem valor fundamental para a igreja: 1) aponta escatologicamente para a vinda gloriosa do Senhor; 2) impõe sobre essa uma responsabilidade, a de ser testemunha da Sua morte e ressurreição; 3) dessa dependeria a descida do Espírito Santo, para que a igreja cumprisse sua missão.

2. A PROMESSA DO RECEBIMENTO DE PODER
Após a ascensão de Cristo, os discípulos voltaram para Jerusalém, para aguardarem, conforme instrução do Senhor, a descida do Espírito Santo. A assembléia de 120 pessoas permaneceu naquela localidade. Eles perseveraram “unanimes” em oração, isto é, sob o mesmo propósito, que era serem cheios do Espírito. Esse enchimento havia sido posto como condição para que a igreja pudesse testemunhar dEle (At. 1.8). Nesse contexto, percebemos um interesse dos discípulos, esses queriam saber quando o Senhor daria a Israel a glória dos tempos áureos, talvez como nos tempos de Davi e Salomão. Jesus respondeu que não competia a eles saberem o dia e a hora que Deus havia estabelecido para Sua exclusiva autoridade (At. 1.11). A igreja do Senhor precisa ter cuidado para não confundir a política dos homens com a política de Deus. Ao longo da Sua história, a igreja cristã se envolveu com o poder secular, o resultado sempre foi seu enfraquecimento espiritual. Somente no futuro, ou seja, na dimensão escatológica, quando Cristo estabelecer o Seu reino milenial, Israel desfrutará de uma teocracia plena. Enquanto isso, Deus atua por meio da Sua igreja, e essa não pode prescindir do poder do Espírito Santo, por meio dele, dynamis em grego, podemos, de fato, testemunhar com autoridade sobre a morte e ressurreição do Senhor (Lc. 24.49). A esperança da igreja não está na política humana, ela aguarda, com convicção, a volta de Cristo, para tanto, mantém os olhos fitos nos céus, de onde virá Aquele que para lá ascendeu.

3. A PROMESSA DA SUA VINDA
Cristo virá, esse é um dos pilares da fé cristã, mas sua volta precisa ser compreendida em dois contextos distintos. Ele virá para arrebatar Sua igreja, como prometeu em Jo. 14.1. O ensino do arrebatamento foi revelado mais precisamente a Paulo que instruiu a igreja a esse respeito (I Co. 15.52; I Ts. 4.13-17). Ao longo dos evangelhos, Jesus fala de seu retorno, mas, a maioria das passagens, se refere à Sua volta gloriosa, quando virá para Israel, estabelecer Seu trono (Mt. 24). O texto de At. 1.11 tem essa duplicidade, pois permite, ao mesmo tempo, que a igreja considere a volta de Cristo, para arrebatá-la, e, também, o estabelecimento do reino milenial de Cristo (Ap. 19.11-21). Em relação a igreja, esse retorno de Cristo é denominada de bendita ou boa esperança (I Ts. 2.16; Tt. 2.13). A esperança do arrebatamento sempre foi uma doutrina ensinada nos púlpitos das nossas igrejas, mas passado o ano 2000, e agora, uma década depois, alguns cristãos não mais falam a respeito. A secularização da igreja também tem contribuído significativamente para que essa doutrina deixe de ser exposta. Alguns estão demasiadamente conformados com este século, deixaram de orar “maranatah”, ora vem Senhor Jesus, há quem prefira que ele demore, não querem perder as oportunidades que a temporalidade oferece. Cristo não veio em 2000, certamente por que muitos o aguardavam naquele ano, mas virá justamente quando menos se espera. A igreja precisa continuar olhando para cima, em busca do prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus (Cl. 3.1,2).

CONCLUSÃO
Jesus ressuscitou e ascendeu ao Céu, essa é uma verdade testemunhada pelos apóstolos e registrada na Escritura. Por que Ele vive, como diz a letra do hino sacro, podemos crer no amanhã, e mais que isso, temor não há. Diante dessa realidade, devemos viver na expectativa da Sua volta, sendo essa a bendita esperança da igreja. Enquanto Ele não chega, devemos depender do poder do Espírito Santo, e continuar testemunhando, até aos confins da terra.

BIBLIOGRAFIA
MARSHAL, I. H. Atos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.
STOTT, J. A mensagem de Atos. São Paulo: ABU, 2008.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Subsídio da Lição 1 da Escola Dominical (Cpad)

ATOS – A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO ATRAVÉS DA IGREJA
Texto Áureo: At. 1.8 – Leitura Bíblica: At. 1.1-5

Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Mostrar aos alunos que a igreja, apesar de suas limitações locais, quando direcionada pelo poder do Espírito Santo, testemunha, com ousadia, sobre a ressurreição de Cristo.

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos o livro de Atos dos Apóstolos, que, na verdade, pode ser referido como Atos do Espírito Santo através dos Apóstolos, ou se, preferir, através da Igreja. A série de treze lições abordará os seguintes temas: 1) Atos – a ação do Espírito Santo através da igreja; 2) A ascensão de Cristo e a promessa de Sua vinda; 3) O derramento do Espírito Santo no Pentecostes; 4) O poder irresistível da comunhão na igreja; 5) sinais e maravilhas na igreja; 6) A importância da disciplina na igreja; 7) Assistência social, um importante negócio; 8) Quando a igreja de Cristo é perseguida; 9) a conversão de Paulo; 10) o evangelho propaga-se entre os gentios; 11) o primeiro concílio da igreja de Cristo; 12) as viagens missionárias de Paulo; e 13) Paulo testifica de Cristo em Roma. Na lição de hoje, a primeira, trataremos a respeito dos aspectos gerais do livro: autoria, local, data, tema, contexto, conteúdo, propósito e valor.

1. AUTORIA, LOCAL, DATA E TEMA
Atos não menciona o seu autor em lugar algum do livro, mas o autor se apresenta em algumas situações da narrativa na primeira pessoa do plural “nós” (At. 16.10-17; 20.5-15; 21.1-18; 27.1-28.16). Tradicionalmente, a autoria do livro é atribuída a Lucas, a pessoa conhecida por esse nome no Novo Testamento, o médico, amigo e companheiro de Paulo (Cl. 4.14. Fm. 24; II Tm. 4.11). Os escritores do Séc. I da igreja, dentre eles Irineu (180 d. C), cita Lucas como o autor do terceiro evangelho, que leva o seu nome, e de Atos. Essa relação é identificada nos textos bíblicos, pois Lucas, está relacionado tanto à escrita do evangelho (Lc. 1.1-4; At. 1.1,2). Não podemos precisar com exatidão o local no qual Atos dos Apóstolos foi escrito. A tradição associa Lucas a Antioquia, e há algumas possibilidades desse livro ter sido escrito naquele lugar, ainda que alguns estudiosos considerem Roma e Éfeso como lugares prováveis onde Atos teria sido composto. Pela natureza dinâmica da composição, os estudiosos defendem que Atos não teria sido escrito em ano específico, esse livro seria o resultado de um diário contínuo, terminado, ainda que não concluído, antes de 70 d. C. O tema central de Atos pode ser explicitado a partir de At. 1.8: o poder do Espírito Santo sobre a Igreja a fim de que essa possa dar testemunho do evangelho de Cristo em toda terra.

2. CONTEXTO, CONTEÚDO E PROPÓSITO
O título do livro, em grego, é praxei apostolon, e em latim, acta apostolorum, podemos, então, concluir que se trata de um documento histórico, com ênfase na igreja, e mais especificamente, nos atos e vida dos apóstolos. A ênfase do livro repousa no ministério de Paulo, que, por aquele tempo, era acusado pelos judaizantes de não ser um apóstolo legítimo (I Co. 15.8-11; Gl. 1.11). Há quem defenda que o relato de Atos, com ênfase no ministério paulino, poderia ser um documento em defesa do seu apostolado, algo que ele faz com maestria em sua Segunda Epístola aos Coríntios. O objetivo primordial de Atos, no entanto, não é retratar a vida de Paulo, o apóstolo dos gentios, mas revelar a mensagem de Jesus Cristo, a boa notícia para todas as nações, é a partir dessa perspectiva que Lucas faz seu registro histórico (Lc. 24.26). A primeira parte de Atos narra como o evangelho foi aceito inicialmente em Jerusalém, como nasceu a Igreja e como ela vivia. A segunda parte descreve o avanço do evangelho em direção a Samaria e Antioquia na Síria. Em seguida, registra as viagens missionárias de Paulo, mostrando como o evangelho de Jesus penetrou o império romano. No meio do livro, exatamente no capítulo 15, é registrada a disputa em torno da questão judaica, isto é, se os cristãos podem fazer parte do povo de Deus sem que antes se tornem judeus. Mesmo diante da adversidade no qual o livro é encerrado, Paulo preso em Roma, as palavras são esperançosas: “Pregando o reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (At. 28.31).

3. O VALOR ATUAL DE ATOS
O livro de Atos é fundamental para igreja contemporânea, graças a ele podemos reconstituir, com detalhes, o desenvolvimento da carreira missionária de Paulo e saber como o evangelho se espalhou pelas cidades do império romano. Na verdade, a partir desse livro é possível estabelecer o fundamento histórico sobre os qual a igreja cristã primitiva estava alicerçada: o derramamento do Espírito Santo no dia de pentecoste, a oposição sofrida pela igreja perante as autoridades judaicas, as bases da missão entre os gentios, o martírio de Estevão e a evangelização de Filipe, as conversações de Saulo e Cornélio, a fundação da primeira igreja grega em Antioquia. Esse livro também nos serve de inspiração, pois tem sido, ao longo dos séculos, um desafio para a igreja de todos os tempos refletir a respeito dos seus primórdios, a fim de que imitar o que houve de melhor naquele tempo. É preciso, porém, certa dose de realismo ao ler Atos dos Apóstolos, não podemos fechar os olhos às falhas da igreja primitiva: rivalidades, hipocrisias, imoralidades e heresias. Mesmo assim, tais fragilidades servem também de instrução para a igreja atual a fim de que essa não se deixe conduzir por carnalidades e secularismos. Apesar da sua falhas e defeitos, a igreja de Jesus Cristo, cheia do Espírito Santo, foi capaz de testemunhar de Cristo até aos confins da terra.

CONCLUSÃO
Neste ano do Centenário da Assembléia de Deus no Brasil, teremos a grata satisfação de iniciar o ano estudando o livro de Atos dos Apóstolos. Que a igreja do Senhor tenha humildade para se deixar avaliar pelo crivo da Sagrada Escritura. Como Calvino, admitamos que Atos é um “enorme tesouro”, ou conforme afirmou o médico, pastor e pregador Martin Lloyd Jones sobre Atos: “vivei neste livro, eu vos exorto, ele é um tônico, o maior tônico que conheço no domínio do Espírito”. Que todos nós, alegres por sermos assembleianos, neste ano de comemoração, não esqueçamos de tomar o tônico do Espírito Santo.

BIBLIOGRAFIA
MARSHAL, I. H. Atos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.
STOTT, J. A mensagem de Atos. São Paulo: ABU, 2008.
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